terça-feira, 5 de agosto de 2008

Bruno, o motorista

Uma das regalias que a empresa nos concede é um motorista. Na verdade o motorista não está totalmente à nossa disposição porque normalmente temos que o partilhar com mais uma ou duas pessoas, o que algumas vezes implica alguma ginástica na rotina diária para conseguirmos acomodar as vontades de todos.
O motorista que me foi atribuído é o Bruno que tenho de partilhar com o Alex.
O Bruno é um Angolano de Luanda com 29 anos e muitos familiares em Portugal, segundo o que ele diz. Tem uma filha de uma antiga relação com uma namorada e desde que o conheço anda sempre com uma braçadeira preta no braço esquerdo em sinal de luto pela morte da mãe por diabetes há quatro meses atrás.
Como a maioria dos Angolanos apresenta-se sempre altamente prestável e raramente é capaz de dizer que não sabe ou não conhece um sítio, apesar de algumas vezes vir a descobrir depois que ele não faz a mínima ideia do sítio que lhe estamos a falar.
A primeira vez que o conheci comecei a puxar por ele para saber onde eram os bares e discotecas da cidade e ele assumiu-se logo com um homem da noite da Luanda. “Ó João tás comigo não tens problema. Eu conheço todos os sítios de noite onde estão as melhores garotas”. A partir daí ficou quebrado o gelo e de vez em quando lá acabamos a rir-nos com conversas sobre as miúdas angolanas.
Apesar de ter uma namorada séria com quem diz querer casar-se, o Bruno não perde uma oportunidade de conhecer uma miúda nova e tentar a sua sorte. Nas palavras do próprio: “Ó João, eu não vacilo em frente de uma miúda”.
No outro dia na praia conhecemos uma rapariga, a Cláudia, de quem o Bruno gostou muito e pediu-me para arranjar o número para lhe ligar. Soube depois que chegou mesmo a ligar, embora sem grande sucesso…
No fundo a Bruno é igual a maioria de todos os outros Angolanos que vivem numa cultura em que enganar o marido/mulher não tem grande importância. As sextas-feiras são mesmo conhecidas como o “Dia do Homem”, em que os homens podem sair de casa até às horas que bem lhes apetecer sem ter que dar qualquer tipo de satisfação às mulheres.
Para além de motorista o Bruno também tem sido o meu guia da cidade de Luanda. Ele vai-nos mostrando alguns sítios da cidade e dentro das suas limitações lá nos vai explicando aquilo que consegue, sempre com muitos “ya” e “fixe” à mistura porque a linguagem dos angolanos é mesmo assim. Se eu próprio no início fiz algum esforço para me tentar pôr ao nível e usar uma linguagem parecida, sinto que a pouco e pouco esta linguagem me vai saindo cada vez com mais naturalidade mesmo em ambientes que podem requerer uma postura mais formal.
Ás vezes, quando estou de fato, o Bruno trata-me por “chefe”, apesar de eu já lhe ter dito que não sou chefe de ninguém e para ele me chamar “amigo” se não me quer tratar pelo nome.
No fundo, e apesar de já o ter chamado à atenção por uma vez quando me deixou “plantado” na marginal 1 hora à espera dele, o Bruno tem sito um bom motorista/amigo e sinto que ele também gosta de mim. Diz que me vai trazer a fotografia da família dele para eu conhecer a avó que é uma Argentina de raça branca e que me vai arranjar a T-shirt do MPLA da campanha para as eleições que eu lhe tenho pedido para talvez um dia ainda irmos a um comício do Presidente Eduardo dos Santos.

1 comentário:

Martim VFG disse...

Lol,
O Bruno gosta de ti ... e a namorada dele n§ao tem ciumes?
Continua assim continua, lolol
Abr meu Puto,
Diverte-te,
MG