quinta-feira, 31 de julho de 2008

A casa do Bairro Azul


Ficamos instalados num apartamento no Bairro Azul.
O Bairro Azul é uma das zonas mais pacatas da cidade com moradias bem arranjadas para os padrões de Luanda e fica bem perto da zona da “Cidade Alta” onde se encontra o palácio do presidente e alguns dos principais serviços administrativos (tribunal, etc.)
A nossa casa é um apartamento no 1º andar de um edifico de 3 andares com direito a porteiro.
A casa tem 4 bons quartos e uma boa varanda com todas as comodidades para nos sentirmos confortáveis, mesmo para os nossos padrões ocidentais (net, televisão, TVcabo, microondas, etc..) com uma decoração simples e discreta.
Actualmente, para além de mim estão a viver nesta casa o Alex Casimiro, o Pedro Baptista (que se vai embora já na sexta-feira) e o Nuno Miguel Carvalho (já o conheci em Luanda). Apesar de serem estes os inquilinos actuais desta casa, a rotatividade é grande pelo que é previsível que muito mais gente vá entrar e sair, incluindo eu próprio.
Para nos ajudar a manter a casa organizada e tratar das tarefas domésticas contamos com a ajuda de duas senhoras, a Gracinda e a Avozinha que chegam todos os dias por volta das 7.30 da manhã.
A Gracinda tem 35 anos, é natural de S. Tomé e tem família na Amadora, a Avozinha, apesar do nome só tem 20 anos e é uma Luandense bem gira!
São ambas tímidas. Hoje de manhã foi preciso correr atrás da Avozinha pela casa toda para conseguir que ela tirasse uma fotografia comigo!
Apesar de tudo são super simpáticas e depois de puxar por elas acabam por dar troco.
Pelo menos até 14 de Agosto é aqui que vou ficar, depois logo se vê…

A Chegada: 1ªas impressões da cidade de Luanda


Faz hoje 2 dias que cheguei a Luanda.
Foi uma partida atribulada entre a imprevisibilidade da chegada do visto e a ansiedade que a própria viagem me causava.
Nas semanas anteriores à partida houve tempo para me sobre-documentar sobre o país e as expectativas não podiam estar mais baixas. Estava preparado para o trânsito, a sujidade, o assédio dos miúdos, a insegurança, o caos generalizado da cidade.
Quando aterramos em Luanda, no aeroporto 4 de Fervereiro, a visão não podia ser mais 3º mundista.
Uma pista de aterragem empoeirada por terra vermelha “african style” completamente sitiada por musseques (vulgo bairros de lata) e um terminal de aeroporto em formato barracão.
À nossa espera estava o Sr. Januário, de acordo com o que nos tinha sido transmitido sobre o protocolo da chegada, encarregue de receber todos os colaboradores da Deloitte para nos poupar às burocracias da alfândega.
Do aeroporto seguimos para o nosso apartamento.
Saímos numa van de 8 lugares e fomos andando a passo, ora lento, ora muito lento, em direcção ao nosso apartamento, numa viagem de hora e meia para fazer cerca de 5 quilómetros.
Pelo caminho fomo-nos deparando com os bairros da lata que estão por todo o lado confundindo-se com a própria cidade, as vendas de comida à beira da estrada ou o batalhão de senhores de macacão amarelo que estão por toda a cidade a varrer continuamente o pó da estrada numa tarefa que parece infindável e sem sentido.
Finalmente chegamos ao bairro azul a uma moradia amarela com um segurança à porta que nos disseram que era a nossa.
O “staff” da casa (segurança e 2 empregadas) recebeu-nos com um sorriso e cheio de simpatias, algo que já percebi que é uma característica deste povo angolano.
São genuinamente simpáticos e humildes, a fazer lembrar o povo brasileiro, no entanto, ao contrário destes não tenho a sensação que nos estão sempre a tentar “enganar”.
Depois de correr a casa toda para conhecer as várias divisões chegámos à conclusão que tínhamos um problema: Nós éramos 3 mas aquela casa tinha apenas 1 quarto disponível…
Lá desfizemos o problema depois de uns quantos telefonemas com a pessoal do escritório de Luanda. O Ricardo ficou no quarto vago e eu e o Alex fomos para um apartamento mais abaixo nessa rua onde já estava o Pedro Baptista e o Nuno Carvalho.
Chegados a casa, nova ronda de sorrisos e gentilezas com a respectiva apresentação da casa à qual dedicarei um post mais tarde.
Nesse dia, após a instalação nos quartos e algum descanso ainda fomos para o escritório da ENSA conhecer o resto da equipa mas esses assuntos ficam para outro dia porque o objectivo de hoje era mesmo a primeira impressão.