segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Girabola, o jogo do título!

Este sábado foi dia de clássico!
O Petro de Luanda, equipa da petrolífera Sonangol, joga com o Primeiro de Agosto, equipa dos militares, num derby de equipas de Luanda que pode decidir o título.
A 3 jornadas do fim do campeonato o Petro é 1º classificado com 46 pontos e o D’Agosto 2º com 40, pelo que a vitória do Petro garante o título de campeão Angolano.
Sente-se que a cidade está toda mobilizada para o jogo. As notícias nos jornais e a reportagens na rádio junto dos adeptos e jogadores fazem lembrar o nosso Benfica-Sporting.
Falei com o António, o motorista, para irmos ver o jogo e apesar dos receios de confrontos ele acabou por me levar. Mais tarde convenci também o Pedro e a Catarina a virem comigo.
Às 15 horas de sábado o António passou por nossa casa para nos vir buscar. No caminho para o estádio ainda lhe perguntei se podia levar vestido a camisola de Angola, mas ele disse que era melhor não porque podia confundir-se com o equipamento do Petro e gerar problemas.
À chegada ao estádio havia o aparato normal da polícia e uma multidão de adeptos na rua. Dirigimo-nos às bilheteiras e depois de termos comprado os bilhetes por 1.000 kwanzas cada (10€) lá fomos para o jogo.
O Estádio dos Coqueiros, casa do Primeiro de Agosto, é um estádio simpático embora modesto quando comparado com os nossos estádios do Euro.
As bancadas estavam pintadas de amarelo (cor do Petro) e vermelho (cor do D’Agosto) e o ambiente é de festa.
O futebol dentro do campo acaba por não chamar muito a atenção e acabo por me concentrar mais no ambiente das bancadas. Mais uma vez aqui se nota a alegria deste povo que está constantemente a cantar ou a dançar.

Durante a primeira parte a grande explosão de alegria aconteceu quando a equipa da casa, o D’Agosto, marcou o golo. Explosão é mesma a palavra adequada! Milhares de pessoas saltam, dançam, correm, gritam, é a alegria total. No meio da festa o António, adepto do D’Agosto, ainda me dá um abraço!

A segunda parte começa com o Petro a pressionar para recuperar acabando mesmo por marcar e empatar o jogo. Foi novamente a festa! Mas desta vez as cores foram outras. O jogo acabou por chegar ao fim empatado 1-1, o que significa que o Petro ainda não garantiu o título de campeão. Mas com apenas 2 jogos para disputar e uma vantagem de 6 pontos fica difícil não ganhar…acho que só mesmo o António e os restantes adeptos do D’Agosto têm fé nesse milagre.

Regresso a Luanda

Passaram-se dois meses desde a última estadia em Luanda.
Foram 3 semanas de férias e uma longa espera pelo visto que teimava em não sair. Ora por problemas no BI, ora por perda dos papeis do visto por parte da embaixada a viagem de regresso marcada para 8 de Setembro acabou por só acontecer a 13 de Outubro.
Desta vez voltar a Luanda já não foi um choque. Senti que tudo me era familiar. O aeroporto rudimentar, a cidade desorganizada, a reboliço das pessoas continuam cá. Mas isso eu já conhecia e não me surpreenderam.
Aqui o tempo já está mais quente que em Lisboa. Lembro-me de passar pelo termómetro do edifício da Sonangol no dia da chegada e ver 30º. Nota-se que a temperatura subiu face a Agosto, é acima de tudo um calor abafado e não tarda nada para que comece a aparecer a chuva tropical e com ela virá também um calor que deve andar muito perto de ser insuportável.
Deixei Lisboa debaixo de um ambiente pesado causado pela crise económica que tem vindo a abalar todo o mundo…excepto Angola. Aqui não se sente crise e o ambiente continua a ser de prosperidade e crescimento.
As eleições de 5 de Setembro que consagraram o MPLA como partido de governo com uma maioria de mais de 80% não causaram quaisquer revoltas. Antes pelo contrário, a cidade parece viver tranquila e unida, com vontade de deitar mãos à obra em direcção ao progresso.
A minha chegada foi algo atribulada pela inexistência de cama para ficar nessa noite, mas com algum jeito lá acabei por ficar a partilhar quarto com o Nuno Gonçalves numa casa do bairro de Miramar, conhecido por ser o bairro mais chique da cidade (a par com o bairro de Alvalade) onde se situam algumas das maiores mansões da cidade, entre as quais a embaixada dos EUA e do próprio presidente de Angola que está neste momento a concluir a construção.
Finalmente ao segundo dia fui levado para a casa de Palm Beach onde devo ficar pelo menos até ao final do mês de Outubro.
Esta casa fica na zona chamada ilha, onde ficam as praias e alguns dos melhores restaurantes/bares da cidade. A zona à volta da casa é um verdadeiro bairro de lata, mas cá dentro vivemos com todos os confortos, incluindo uma piscina para um mergulho de fim de dia.
Desta vez o meu motorista vai ser o António. Soube que o Bruno já não trabalha para nós e não voltei a ter noticias dele…